sexta-feira, 15 de maio de 2009

Viagens...
De volta a casa no autocarro, depois de um dia trajada na faculdade, e com a capa negra sobre os ombros pousei os olhos sobre a janela ao meu lado, distante. Uma voz tirou-me do transe “ Uma menina estudante, tão triste?” – Era uma velhotinha que perguntava. Respondi que não era tristeza, mas cansaço. E lá fomos a viagem toda a conversar “Sabe, menina? Tenho um netinho adoptado, tem 29 anos, é estudante também, lá no ISEP. Sabe, menina? Com 75 anos fui aprender a ler e a escrever e tenho já 84!”. “Muito bem!” – disse eu. Simpática, a senhora.
De volta à tristeza/ cansaço, comecei a pensar que não estaria a dizer totalmente a verdade à pobre mulher. De facto, não era apenas o desgaste físico que sentia, mas também uma mescla de sensações que, sinceramente não sei definir. Vou tentar fazê-lo.
Sou alguém que sempre gostou de escrever, que tinha sempre ideias para novas histórias, novos poemas, uma imaginação sem limites. Era alguém capaz de transpor para o papel os meus sentimentos, em palavras desmedidas ou traços de grafite numa imagem. Lembro-me de me sentir revoltada ou triste com algo que tinha acontecido e desenhar uma janela, a mesma que estava a observar na altura e dar-lhe o título “Melancolia qualquer coisa”. Ui! Palavra cara para aquela altura. No entanto, sinto que perdi o poder de criar algo de verdadeiramente espectacular, a habilidade de moldar com os dedos os meus sonhos. Embora saiba que tenho de lutar para alcançar os meus maiores objectivos, sinto que, muitas vezes, o meu próprio destino anda por aí, desgovernado, à espera que eu o encontre.
Não me interpretem mal. Sou feliz, sim! Sou feliz quando a minha família e amigos estão. Sou feliz com pequenos gestos, quando me oferecem “beijinhos” do mar porque souberam que gostava muito do oceano, quando partilham comigo o gosto pela poesia e me mandam uns versos à noite, antes de adormecer. Sou feliz quando existem pessoas que atentam aos pormenores da natureza, como uma flor que se encontrou no meio de outras tantas, enquanto se estuda no jardim da faculdade.
Mas, não posso deixar de sentir tristeza quando pessoas importantes para mim sofrem à distância e não tenho como lhe dar o meu abraço ou o meu apoio, cara a cara. Ela (também sabe quem é) é um ser único, como nunca vi até agora. Ela era e continua a ser a pessoa que nunca me decepcionou, que nunca me criticou, que foi sempre a AMIGA que quis ter. Quando penso nela só me vem à memória momentos de risos e sorrisos como cantar Mika nos intervalos das aulas, abstraindo-nos das caras fanhosas à nossa volta, como se estivéssemos dentro da nossa própria bola de sabão, flutuando por aí. Ela é inteligente e bonita, é simpática e dona de um coração enorme; ela partilha comigo o gosto pela escrita e compreende-me, acima de tudo! Como ela diz, complementamo-nos.
Por isso, gostaria que todos fossemos donos do nosso destino. Se assim fosse, poderias escolher sem sofrimento o lugar a que queres chamar casa. Queria ter eu o poder de reter-te aqui. Queria poder limpar-te as lágrimas e poder chorar as minhas sem sofrer também. És uma peça fundamental na minha vida, não apenas um peão. E desejo para ti a TUA paz oferecendo-te SEMPRE o MEU sorriso, porque te quero feliz onde quer que seja o teu lar e estarei sempre aqui, pronta para te abraçar, a qualquer altura.
=)